Em breve, a Ford lançará comercialmente a nova família Ka, composta pelo hatchback de 5 portas e sedan. A estratégia tem sido apresentar o modelo em etapas: primeiro foi o hatch, em outubro do ano passado, depois, em janeiro, o sedan, e agora um dos motores: o 1.0 litro flex de três-cilindros com duplo comando de válvulas variáveis (admissão e exaustão) que rende 85/80 cv de potência (etanol/gasolina) a 6.500 rpm e torque máximo de 105/100 Nm a 4.500 rpm (e/g).
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Trata-se de uma variação do 1.0 EcoBoost, comercializado na Europa desde 2012 com sistema de injeção direta e turbocompressor. Por lá, o motor desenvolve potência máxima de 99 cv até 125 cv, e é aplicado em modelos como Fiesta, Focus, EcoSport e Modeo (equivalente ao Fusion, no Brasil).
O motor brasileiro é, portanto, o irmão empobrecido, pois tem injeção indireta e não há previsão de uma versão com turbo. O motivo disso é simples: custo. Injeção direta e turbo custam muito mais do que o sistema tradicional. E ainda assim os engenheiros da marca insistem em chamar o motor de ‘estado da arte’. Bom, comparando com os 1.0 de quatro-cilindros existentes no mercado, pode até ser.
Mas, apesar de não ser tão perfeito quanto poderia, o novo motor 1.0 3C Duplo Comando Flex tem alguns pontos fortes que merecem destaque. O primeiro é a tecnologia TiVCT que varia o comando de admissão e exaustão de modo independente. Outro ponto positivo é o sistema de partida a frio sem reservatório auxiliar de gasolina, fornecido pela Bosch, que também fornece o sistema de injeção.
O cabeçote é de alumínio, enquanto o bloco é de ferro fundido, tal como o EcoBoost. Segundo a Ford, esta estratégia foi adotada para deixar o motor com o menor tamanho possível. Estruturas de alumínio tendem a ser maiores para suportar o mesmo esforço físico, e isso é crítico neste motor, pois conta com taxa de compressão de 12:1.
As velas estão posicionadas no topo dos pistões, centralizadas, alimentadas por bobinas individuais, sem cabos. A correia de transmissão é imersa em óleo e segundo a Ford, duram 240 mil km. O cárter tem capacidade para 3,5 litros de óleo, sintético, 5W20. já o sistema de arrefecimento é de duplo estágio.
O peso total do 1.0 3C Duplo Comando Flex é de 85 kg, segundo a Ford. Em relação ao atual quatro-cilindros Rocam, é cerca de 20 kg mais leve, resultado direto do número menor de componentes, além da integração do coletor de exaustão ao cabeçote, uma nova tendência nos motores modernos.
Para reduzir vibrações, algo natural em motores de 3 cilindros, a Ford utiliza como estratégia “desequilibrar” intencionalmente o volante e a polia do eixo ao invés de uma solução mais tradicional que é a aplicação de contrapesos. Porém, somente depois de rodar em carro completo será possível avaliar melhor esta solução. Ao que indica, o coxim do motor será do tipo hidráulico e reforçado, para absorver ao máximo a vibração do motor.
Fato é que com este lançamento, a Ford passa a ser a quarta montadora a oferecer motor três-cilindros. As demais são Kia, no Picanto; Hyundai, no HB20; e VW no Fox e up!.
Nova fábrica
O 1.0 3C Duplo Comando Flex começa a ser produzido em massa a partir deste mês de maio, em Camaçari, na Bahia. Para tanto, a Ford investiu R$ 400 milhões no projeto do motor e na construção da planta, que tem capacidade para produzir 210 mil motores por ano e nesta primeira etapa exigiu a contratação de 300 novos colaboradores.