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Do tamanho certo

O casal conta com ajuda de  dois mecânicos e do filho, Henrique
A equipe da Dario Car conta com o casal Dario e Fabiana, o filho, Henrique e dois mecânicos

Tamanho não é documento e a oficina Dario Car, no bairro do Peruche, em São Paulo, comprova isso. Em uma pequena garagem com espaço para aproximadamente seis carros, o mecânico Dario Alexandre Godoi, de 40 anos, a esposa Fabiana Carvalho, de 39 anos, e o filho, Paulo Henrique, de 19 anos, tocam o negócio da família, iniciado em 2008 por Dario, após trabalhar em diversas concessionárias e oficinas particulares.

No salão cabem poucos carros e a equipe é enxuta, mas a organização e gestão são exemplo a ser seguido
No salão cabem poucos carros e a equipe é enxuta, mas a organização e gestão são exemplo a ser seguido

“Quando abri a oficina não tinha experiência administrativa e por isso convidei minha esposa para cuidar do financeiro da empresa”, comenta Dario. Porém, Fabiana, que é formada em Recursos Humanos, somente aceitou o convite do marido em 2012, ano que fez uma revolução na oficina.

Fabiana cuida da administração e contas da oficina
Fabiana cuida da administração e contas da oficina

“Quando cheguei na oficina era tudo sujo e bagunçado, mas com o tempo fui arrumando do meu jeito”, comenta Fabiana. Hoje, ao entrar na Dario Car, o cliente encontra tudo muito organizado, apesar da pequena estrutura da empresa. “Fiz uma cozinha, passei o escritório para o piso superior, montei um banheiro feminino para atender as clientes mulheres, e pintei o chão”, explica.

As melhorias implementadas por Fabiana foram fruto de diversos cursos e treinamentos realizados no Sebrae. “Eu trabalhava com telemarketing, com atendimento ao cliente e planilhas, e com os cursos do Sebrae entendi o que precisava fazer para ajudar a oficina a crescer”, comenta.

Organização
Segundo Dario, antes da esposa, ele não tinha salário. “Não fazia ideia do quanto ganhava”, conta.

Com o aprendizado obtido no Sebrae, a Dario Car tem desenvolvido novas competências, sendo que desde o início de 2014, passou a investir em um software de gestão de oficina. “Com o Onmotor consigo gerenciar nosso negócio de forma simples e prática”, diz Fabiana ao comentar que os clientes aprovaram o sistema de aviso por SMS.

Dario cuida do conserto dos carros
Dario cuida do conserto dos carros

“Todo carro que fica pronto, avisamos o cliente por mensagem de texto, e eles adoram isso”, diz a empresária. “Já tivemos um caso de o cliente estar por perto quando recebeu o SMS e veio na hora pegar o carro, muito agradecido, pois agilizamos e otimizamos o tempo dele”, afirma.

“O sistema é tão simples de operar que mesmo quando ela não está, eu consigo fazer”, comenta o marido, Dario, que com a ajuda de dois mecânicos conserta entre 60 a 70 carros por mês.“O espaço já está ficando pequeno e em breve teremos de aumentar a oficina. Hoje atendemos por agendamento e isso é bom porque podemos nos planejar melhor”, diz Dario.

De portas fechadas

Algumas empresas se destacam mais do que outras no segmento que atuam simplesmente porque os respectivos líderes pensam e fazem de forma diferente. Assim é a Automecânica Scopino, do casal Pedro Luiz Scopino e Maria Izabel de Andrade Scopino, que está no mercado desde 1971, quando foi fundada pelo pai de Pedro, sr. Giovanni Scopino.

A equipe de Scopino conta com uma mecânica e uma pessoa especial, que trabalha como ajudante: responsabilidade social
A equipe de Scopino conta com uma mecânica e uma pessoa especial, que trabalha como ajudante: responsabilidade social

À frente do negócio desde 1990, Pedro cresceu entre carros, ferramentas e graxa. Consequentemente, se formou mecânico pelo Senai, e mais recentemente terminou o curso universitário em Administração de Empresas. Sempre em busca do pioneirismo, é um dos fundadores do GOE (Grupo de Oficinas Especializadas), associação que reúne 12 empresas do setor, e uma das primeiras oficinas a contar com selo de qualidade de serviços, primeiramente com o IQA – Instituto da Qualidade Automotiva, e agora com o Selo Sindirepa de Sustentabilidade, que ajudou a desenvolver.

Instalado em sede própria no bairro da Casa Verde, em São Paulo, acaba de finalizar reforma nas instalações prediais que aumentou a área da oficina de 320m² para 480m², além de quase triplicar a área de escritório administrativo, de 60m² para 160m². “O próximo passo agora é trabalhar com o portão fechado e atender somente clientes agendados”, comenta Scopino. “A maioria dos serviços que realizamos hoje já é por agendamento, e ao longo do ano que vem vamos iniciar essa nova fase”, diz.

Recursos humanos

Após reforma, pátio da oficina ficou maior, com 428 m²
Após reforma, pátio da oficina ficou maior, com 428 m²

Outra singularidade da Automecânica Scopino é a presença feminina entre os técnicos. Desde 2011, conta com uma mecânica no quadro de funcionários, assim como um rapaz especial, que trabalha como ajudante.

Ao todo, a equipe é formada por oito colaboradores, sendo três mulheres (recepção, administração e mecânica), e os dois sócios, Scopino e a esposa, Maria Izabel.

CRM

Investimento também foi feito nos escritórios que triplicaram e agora contam com 160m²
Investimento também foi feito nos escritórios que triplicaram e agora contam com 160m²

Scopino é um profissional atento às oportunidades e inteirado com o mundo dos negócios. Sabe o quanto o relacionamento com o cliente é importante para a oficina e por isso investe de forma consciente nisso.

“Todos os anos enviamos cartão de aniversário para cada um de nossos clientes, com um brinde”, afirma ao explicar que este ano foi uma regulagem dos faróis e uma sacola ecológica, retornável, para compras no supermercado.

Scopino e o Selo Sindirepa de Sustentabilidade que ajudou a desenvolver;
Scopino e o Selo Sindirepa de Sustentabilidade que ajudou a desenvolver;

O resultado é garantido, segundo Scopino. Tanto que no dia que estivemos na oficina, a equipe finalizava a manutenção do carro de uma cliente, que dias antes havia recebido o cartão.

Nova por fora e por dentro

Quem entra na Autoelétrica Morikawa hoje não imagina a transformação que a oficina tem sofrido nos últimos dois anos.
“Toda esta área aqui era descoberta, e a gente consertava carro sob o sol e a chuva”, comenta o proprietário, Alexandre Morikawa, aos contar que o investimento na reforma ocorreu depois que a irmã mostrou a fachada da oficina no Google Maps. “Não gostei do que vi e decidi mudar, deixar mais bonita e organizada”, diz.

A equipe da oficina, com Alexandre Morikawa (esq.). Após reforma, quantidade de novos clientes aumentou
A equipe da oficina, com Alexandre Morikawa (esq.). Após reforma, quantidade de novos clientes aumentou

Simultaneamente, o reparador se inscreveu em diversos cursos no Sebrae, sobre gestão empresarial, e passou a aplicar as técnicas administrativas na empresa. “Não tinha nem cadastro de clientes até então”, afirma.

Engano

A recepção da oficina, com sala de espera
A recepção da oficina, com sala de espera

O início da vida profissional como reparador automotivo ocorreu por engano, segundo Morikawa. “Queria abrir uma loja de som e acessórios automotivos, mas para isso me indicaram um curso de autoelétrico no Senai, e descobri que podia fazer muito mais do que instalar som”, diz. Assim, em 5 de dezembro de 1988, abriu a oficina, nos fundos da casa do pai, no mesmo endereço que está até hoje, no Jardim Cumbica, em Guarulhos.

Ao fundo, novo pátio, com iluminação natural
Ao fundo, novo pátio, com iluminação natural

“Comecei sem um centavo no bolso. Até abrir a oficina, trabalhava como relojoeiro e o pouco que ganhava ia comprando ferramentas e montando um pequeno estoque de autopeças”, lembra.

O primeiro funcionário foi o irmão mais novo, Fernando, que até hoje trabalha na oficina. “Ele tinha 12 anos quando abri a oficina e vinha sempre me ajudar”, diz Com o passar do tempo, Morikawa foi ampliando a gama de serviços, e hoje conta com seis colaboradores, sendo dois mecânicos, um eletricista, um ajudante e duas assistentes administrativas, que cuidam da recepção e do trabalho de escritório.

GAEQ

Alexandre e o irmão, Fernando Morikawa
Alexandre e o irmão, Fernando Morikawa

O início das mudanças na empresa de Morikawa ocorreu quando foi convidado por um amigo a participar do GAEQ (Grupo Automotivo Excelência e Qualidade), que conta com nove empresas de reparação automotiva e se reúnem mensalmente para trocar experiências e aprender sobre gestão empresarial. “Agora estou começando a virar empresário”, diz satisfeito com as mudanças.

Uma delas foi a informatização da oficina, que passou a contar com um software de gestão online para cadastro de clientes e serviços. “O programa me ajuda muito, todos os meses há atualizações e isso facilita a vida”, diz.

A soma reforma das instalações e a nova cultura empresarial já tem rendido bons frutos. “Percebi uma renovação de clientes muito grande, teve mês que a quantidade de clientes novos foi maior do que os antigos’, comenta.

Ponto fora da curva

Em 2005, Kleber Augusto decidiu que seria dono do próprio negócio e no dia 3 de setembro fundou a AK Auto Center, no bairro do Brooklin, em São Paulo (Rua Getúlio Soares da Rocha, 75 – 11.5687-3986).Deixou o emprego na Varga Serviços, onde era gerente técnico de qualidade, e junto do irmão, Ricardo Conrado, abriu a oficina. “Sempre trabalhei com carros e oficina mecânica”, afirma ao comentar que começou aos 13 anos. “É muito melhor ser o patrão”, diz.

Equipe AK Auto Center: Carlos, Ricardo, Antonio, Rosângela, Sandra, Kleber, Camila, Jorge, Marcos, Fábio, João, Dunga e Cacá
Equipe AK Auto Center: Carlos, Ricardo, Antonio, Rosângela, Sandra, Kleber, Camila, Jorge, Marcos, Fábio, João, Dunga e Cacá

Hoje, nove anos depois, a AK Auto Center é exemplo a ser seguido, pois vai muito além da tradicional manutenção automotiva. “Investimos em marketing, tanto digital quanto impresso, e também temos uma equipe focada na área comercial, responsável por trazer serviços para a oficina”, comenta Kleber.

O resultado desse investimento é claramente visível no dia a dia da oficina. Enquanto a grande maioria dos empresários do setor reclamou de falta de serviço durante o período de Copa do Mundo, nos meses de junho e julho, o pessoal da AK estava tranquilo. “Não foi excepcional, mas tivemos o movimento esperado”, diz.

Pátio cheio mesmo durante a Copa
Pátio cheio mesmo durante a Copa

Para chegar a esse resultado, Kleber explica que periodicamente distribui nas casas do bairro 20.000 panfletos promocionais, investe em anúncios no Google, e mantém o site e página no Facebook sempre atualizados. “Faço um mapeamento dos panfletos distribuídos, e quando atendemos um novo cliente por causa dele, localizo no mapa. Assim consigo medir o retorno do investimento por região e isso ajuda no desenvolvimento de novas campanhas”, diz.

Investimento em tecnologia com alinhador 3D
Investimento em tecnologia com alinhador 3D

Já em relação às mídias digitais, Kleber explica que investe mensalmente no Google para estar sempre entre os primeiros na busca. “Contamos com um profissional contratado especificamente para isso. De tempos em tempos, ele nos diz como estamos, e se precisar, aumentamos um pouco o valor para sempre estar entre os primeiros da lista”, diz.

Família
Ao contrário do que se imagina, a AK Auto Center é uma empresa familiar, onde cada um tem função específica e sabe o papel que desempenha, sem precisar de cobrança dos demais.

Kleber é o chefe de oficina, enquanto a esposa, Sandra Souza e a sócia Rosângela Nunes cuidam da área administrativa. O irmão, Ricardo, é responsável pelo departamento comercial, e a filha, Camila, pela recepção.

Além da família, a equipe da AK é formada por seis mecânicos (Jorge, Marcos, Fabio, João, Dunga e Cacá), um consultor técnico (Antônio), e um motorista (Carlos).

Negócio do China

Desde criança, o empresário Ezequiel Vasconcelos Tsushia, mais conhecido como China, trabalha com reparo automotivo. Hoje, após 45 anos de profissão, administra duas unidades do China Serviços Automotivos no bairro Lauzane Paulista, na zona Norte de São Paulo, juntamente com o filho, Thiago, o Chininha.

O China (direita) e o filho Thiago (Chininha), na unidade 2 do oficina, localizada a alguns metros da oficina principal
O China (direita) e o filho Thiago (Chininha), na unidade 2 do oficina, localizada a alguns metros da oficina principal

A história de China é rica em idas e vindas, mas o que impressiona é a memória do empresário, que lembra até mesmo os nomes dos primeiros empregadores, quando tinha 11 anos e consertava Fusca, Studebaker, Belair, Simca, DKV, Aero Willys entre outras raridades.

Ao todo, foram 4 empregos até abrir a primeira oficina, aos 17 anos, na avenida Parada Pinto. Sem capital, entrou com a mão de obra, mas o que parecia um sonho logo virou dor de cabeça, e decidiu sair da sociedade.

Fachada da oficina principal, na av. Cons. Moreira de Barros
Fachada da oficina principal, na av. Cons. Moreira de Barros

China lembra que algum tempo depois, ao passar em frente da antiga oficina, viu que o antigo sócio havia vendido o ponto para um colega, que estava insatisfeito e queria fechar. “Me ofereceu e corri atrás de financiamento para comprar”, conta. “Mandei tirar tudo, não queria nem um parafuso da antiga oficina”, lembra. Pequena, era uma garagem que cabia apenas um carro. “Trabalhei muito na rua”, diz.

Com o tempo, precisou de mais espaço e, assim mudou para a segunda oficina, também na avenida Parada Pinto. “Lá tinha espaço para 12 carros”, afirma.

Interior da oficina principal, na av. Cons. Moreira de Barros
Interior da oficina principal, na av. Cons. Moreira de Barros

Como todo jovem, China era arrojado. Chegou a arrendar a oficina para trabalhar como transportador, comprou um caminhão e quase perdeu tudo. Abriu uma terceira oficina com novo sócio que não deu certo e decidiu viver no interior de São Paulo, consertando caminhões em usina de cana. “Fiquei um ano e voltei”, lembra.

O tiro certeiro ocorreu logo depois de voltar a São Paulo, ao abrir a quinta oficina. “Isso foi nos anos 1980, e lá ganhei dinheiro”, lembra. “Tinha muito serviço, trabalhava até às 11h da noite”, conta.

A oficina foi uma das primeiras a utilizar o Onmotor
A oficina foi uma das primeiras a utilizar o Onmotor

Na época, surgiu a oportunidade de comprar o terreno onde é a atual oficina, na avenida Conselheiro Moreira de Barros. “Montei uma segunda unidade, e deixei um parente cuidando”.

Japão
Descendente de japoneses, China ainda teve tempo de se aventurar no Japão, onde trabalhou por 10 anos. “Fui três vezes para lá, e voltei definitivo em 2007”, conta. Neste período, enviava dinheiro para a família que tentava manter o negócio funcionando.

Ao retornar, uma nova oportunidade surgiu e abriu segunda unidade, na mesma rua, a alguns metros a frente. Hoje atende 150 carros por mês nas duas unidades. “O importante é manter a rentabilidade”, diz.

Uma oficina de Stilo

Algumas pessoas nasceram para ser patrão mesmo sem ter tido berço de ouro. Uma delas é o empresário Francisco Carlos de Oliveira, proprietário da Stilo Motores, localizada na zona Norte de São Paulo.

Especializada em veículos a gasolina e diesel, a Stilo Motores tem com lema a qualidade e satisfação dos clientes
Especializada em veículos a gasolina e diesel, a Stilo Motores tem com lema a qualidade e satisfação dos clientes

A história dele não é muito diferente de outras centenas de pessoas. Ainda criança veio para São Paulo, e na busca por uma profissão, conheceu o mundo da mecânica automotiva. Inicialmente o aprendizado ocorreu na prática. Curioso, sempre buscou saber mais para fazer melhor Assim, com o tempo fez diversos cursos de especialização no Senai.

O proprietário e empreendedor, Francisco Carlos de Oliveira...
O proprietário e empreendedor, Francisco Carlos de Oliveira…

“Trabalhei em diversas oficinas e em todas sempre fui bem quisto”, lembra Oliveira. “Um dia, decidi trabalhar por conta própria. Comprei um celular, fiz um monte de cartões de visita e comecei a distribuir na vizinhança. O primeiro cartão que entreguei foi o primeiro serviço que peguei, algumas horas depois”, conta.

Como não tinha oficina própria, usava as instalações dos antigos patrões, para quem pagava um ‘aluguel’ pelo uso do espaço e ferramentas mais específicas. “Cada dia atendia em uma oficina diferente”, lembra.

... que acabou de reformar a oficina
… que acabou de reformar a oficina

A oportunidade de ter endereço próprio foi inesperado. Sem condições para assumir os custos da estrutura sozinho, saiu em busca de um sócio, e assim abriu a primeira oficina, na rua Mariquinha Viana. “Tudo funcionava muito bem, mas com o tempo descobrimos que nossas ideias sobre como atender os clientes eram completamente diferentes. Como ele não abria mão da parte dele, vendi a minha e abri a Stilo Motores. Eu continuo aqui, mas ele, não”, diz Oliveira.

Com mais de 25 anos de profissão, Oliveira sabe como deve trabalhar para manter os negócios sempre em alta. “Hoje raramente coloco a mão na massa, eu atendo o cliente, faço o diagnóstico, monto orçamento e faço o teste antes de entregar o carro”, diz. “O reparo deixo para os mais jovens, e me preocupo mais com a qualidade do serviço. Afinal, cliente satisfeito é negócio garantido”, afirma.

Piso novo com pintura especial
Piso novo com pintura especial

A estratégia tem dado resultados. A mais recente inovação tem sido em parceira com o Jornal Farol Alto. Oliveira contratou o sobrinho para distribuir o jornal no cruzamento das avenidas Maria Amália e Nova Cantareira, próximo à oficina. Antes, porém, ele encarta cada exemplar com um panfleto da loja.

“Já vieram três novos clientes fazer orçamento, sendo que um deles aprovou o serviço”, comenta. “Esse único trabalho pagou todo o investimento dos três meses de propaganda, incluindo a impressão dos panfletos e o custo de distribuição”, diz.

“E o mais interessante é que os motoristas fazem questão de pegar o jornal, diferentemente das propagandas de imóveis, que muitos rejeitam. Isso dá credibilidade para a oficina”.

Dois casais e uma oficina

Amigos de longa data, Carlos Alberto Chagas e Fábio de Oliveira já chegaram a dormir sobre o motor dos carros que consertavam quando abriram o AutoCenter Fabicar, em outubro de 2003.

Sede própria foi conquistada há cinco anos, fruto da boa administração dos proprietários, que tiveram visão e empreendedorismo
Sede própria foi conquistada há cinco anos, fruto da boa administração dos proprietários, que tiveram visão e empreendedorismo

Hoje, instalados em sede própria na avenida Águia de Haia, na região de Itaquera, zona Leste de São Paulo, Carlos e Fábio trabalham em conjunto com as esposas, Natana de Souza Chagas e Regina Mendonça de Oliveira, respectivamente, e riem ao lembrar do começo. “Foi um tempo de muita provação, pois não tínhamos nada, nem mesmo equipamentos de diagnóstico”, comenta Carlos.

Os casais Carlos e Natana (centro), e Fabio e Regina (direita), e a equipe da Fabicar
Os casais Carlos e Natana (centro), e Fabio e Regina (direita), e a equipe da Fabicar

A história da oficina se confunde com a dos casais, uma vez que Fábio, Regina e Carlos trabalharam juntos anos antes, na oficina do sr. Ananias, vizinho de porta de Regina. “Como era do lado de casa, e pertencia a um primo do meu pai, fui trabalhar lá e acabei conhecendo o Fábio”, conta Regina.

Bombonas de resíduos
Bombonas de resíduos

Com o tempo, Fábio e Carlos mudaram de emprego, enquanto Regina manteve-se na oficina de Ananias, até que a oportunidade bateu à porta de Carlos. “Depois que trabalhei no Ananias, passei por alguns empregos e no último deles, o dono da oficina comentou que estava cansado e queria vender tudo. Então fiz a ele uma proposta para comprar o ponto”, conta Carlos. “Claro que sozinho eu nunca iria conseguir arrendar o negócio, então fiz a proposta de sociedade para o Fábio, e decidimos entrar juntos na empreitada”, lembra.

A partir desse momento, Carlos já estava casado com Natana, que conheceu na faculdade de Ciências da Computação, curso que nenhum deles chegou a concluir. “Eu fiquei um ano, e ela só seis meses, o bastante para a gente se conhecer e casar”, comenta Carlos.

A escolha do nome ocorreu de forma inusitada. “A gente costumava jogar boliche e foi lá que surgiu o nome, pois o Fabio sempre jogava antes de mim, e no placar escrevíamos o nome dele, abreviado (FAB) e depois o meu (CAR). Ao ler, disse: o nome da oficina está escrito no placar: Fabicar”, lembra Carlos.

Rampa de alinhamento
Rampa de alinhamento

Os empresários lembram a batalha do começo da empresa, uma vez que o casal Regina e Fábio se mantiveram nos empregos que estavam durante algum tempo, até que a nova oficina conseguisse se manter.

“Eu e a Natana ficávamos na oficina durante o dia, a Regina ainda trabalhava no Ananias e nos dava suporte de orçamentos, pois não fazíamos ideia de quanto cobrar pelo serviço, e o Fábio vinha a noite, depois do expediente na oficina onde trabalhava, e trazia emprestado os equipamentos de diagnóstico que precisávamos para avaliar os carros e fazer os reparos”, lembra Carlos. “Além disso, o salário dele pagava o aluguel da oficina”, diz.

Hoje, porém, a história é outra. Com apenas 11 anos de existência, a Fabicar é emprega três funcionários e referencia no bairro, principalmente quando o assunto é airbag e eletrônica embarcada. Formado em técnico eletrônico, Fábio também conserta módulos de todos os tipos.

A conquista de um sonho

Há quase três décadas, Darci N. de Castro largou o emprego na Ford, em São Bernardo do Campo, para abrir uma autoelétrica no bairro de Santana, zona Norte de São Paulo. Antes de se desligar da montadora, porém, garantiu uma vaga de aprendiz para o filho, Marcos, na época com 14 anos.

Tinta fresca: fachada com a bandeira Bosch Car Service foi inaugurada recentemente
Tinta fresca: fachada com a bandeira Bosch Car Service foi inaugurada recentemente

“Aqui era um lava-rápido, não tinha nada, só uma pequena edicula Foi meu pai quem construiu tudo”, comenta Marcos, que hoje administra a oficina na avenida Conselheiro Moreira de Barros, 625, juntamente com a irmã, Márcia, mas sempre sob supervisão do fundador, que apesar de já ter passado o bastão para a segunda geração, ainda faz questão de abrir a loja todos os dias. “Ele é o primeiro a chegar, sempre”, diz Marcos.

Pátio cheio e com pintura nova
Pátio cheio e com pintura nova

No início, seo Darci trabalhava sozinho e, com o tempo, a filha Márcia passou a ajudá-lo na administração do negócio. Hoje é uma referência no bairro. Marcos lembra que foi uma das primeiras na zona Norte a trabalhar com injeção eletrônica. “Com isso passamos a resolver problemas mecânicos também, pois no final, elétrica, eletrônica e mecânica estão, agora, todos interligados”, afirma.

Assim como o pai, Marcos deixou o emprego na fábrica de carros para se dedicar aos negócios da família. Formado em Sistemas, Marcos aproveita a experiência adquirida na indústria para desenvolver um novo software de gestão de oficinas.

Sonho
Há 15 anos, Darci teve um desejo: entrar para o seleto grupo das oficinas Bosch Car Service. As imagens revelam o resultado. “Ele participou de diversos cursos presenciais e online, treinamentos, encontros e ficou fã da marca pela seriedade e credibilidade”, comenta Marcos. A realização do sonho ocorreu recentemente, há pouco mais de dois meses.

Ao todo, são 10 colaboradores
Ao todo, são 10 colaboradores

GAEQ
Assim como as melhores oficinas do Pais, a De Castro faz parte de um grupo, o GAEQ (Grupo Automotivo Excelência em Qualidade), que conta com a orientação de uma profissional em gestão de negócios. “Faz um ano e meio que participamos do grupo e isso é muito bom pois aprendemos muito uns com os outros, trocando experiências”, afirma Márcia, ao comentar que foi por meio do GAEQ que descobriu a necessidade de investir em gestão ambiental na oficina. “Este é um cuidado que todos devem ter, pois é preciso cuidar do meio ambiente”, diz.

Oficina mecânica e módulos

Localizada no bairro Vila Nova, em Campinas, a Design Mecânica é uma oficina diferente da grande maioria, pois além de realizar manutenção veicular se especializou também no conserto de módulos eletrônicos (ECU).

A sede própria localizada no bairro Vila Nova, em Campinas, foi conquistada em 1995
A sede própria localizada no bairro Vila Nova, em Campinas, foi conquistada em 1995

A Design Mecânica atende desde 1981, e é dirigida pelos irmãos Bernardo. Carlos, o mais velho, comanda a área de manutenção veicular juntamente com a esposa, Marlene, que cuida da administração da oficina, enquanto André, técnico em eletrônica faz verdadeiros milagres na recuperação de ECUs.

O chefe da oficina Carlos Bernardo
O chefe da oficina Carlos Bernardo

Nestes 33 anos de mercado, Carlos conta que já viu de tudo um pouco. “O mercado está cada vez mais acirrado, os carros quebram menos, há mais tecnologia embarcada e o consumidor mais exigente”, afirma. “Isso tudo obriga o empresário da reparação se atualizar tecnicamente, assim como a sua equipe de forma mais constante, do contrário não consegue acompanhar o ritmo e acaba ficando de fora do mercado”, diz.

Uma das estratégias que Carlos desenvolveu nos últimos anos para conquistar a confiança do cliente é explicar de forma lúdica o problema do veículo é as consequências da falta de manutenção no tempo certo. Para tanto, mantém na mesa uma miniatura de um motor em acrílico transparente. “O bacana é que ela é funcional, o volante do motor gira e com ele todos os componentes internos, inclusive a correia de transmissão de força, o que gera movimento nas válvulas e comandos de válvulas”, explica. “Sempre que passo o orçamento ao cliente, pego o motor e mostro os possíveis locais onde serão necessárias intervenções e, com isso, consigo fazer com que o cliente visualize o problema e as dificuldades para se chegar a ele”, afirma.

AESA

O pátio da oficina conta com três elevadores
O pátio da oficina conta com três elevadores

Outra estratégia para se manter no mercado é participar da AESA – Associação das Empresas de Serviços Automotivos do Estado de São Paulo, com sede em Campinas e que conta com cerca de 100 associados.

“A AESA nos ajuda muito, principalmente em relação a informações técnicas e cursos”, comenta Carlos.

A associação, que não tem fins lucrativos, presta ainda consultoria jurídica e administrativa, além de promover parcerias. “Dessa forma, conseguimos atender nossos clientes com eficiência e tranquilidade”, diz Carlos.

Navega: tradição em Moema

Tradicional centro de reparo automotivo do bairro de Moema, em São Paulo, a Navega Mecânica foi fundada em 1968, e hoje está sob cuidados da segunda geração de reparadores, tendo como principal responsável Marcelo Navega, que contabiliza 30 anos de oficina.

Segunda geração de reparador, Marcelo Navega está há 29 à frente da oficina que leva o sobrenome da família
Segunda geração de reparador, Marcelo Navega está há 29 à frente da oficina que leva o sobrenome da família

“No começo ajudava meu pai na administração e alguns pequenos serviços de alinhamento, suspensão e freios”, afirma Marcelo, com saudades da época que começou. “Era muito mais fácil manter uma oficina, apesar da inflação”, comenta.

O ano é 1984, final de ditadura militar e início de um período de novas esperanças, ainda que com apenas quatro marcas de veículos no mercado, e quase nenhuma eletrônica embarcada. “Trabalhávamos com a inflação e conseguíamos boa rentabilidade pois muitos componentes eram comuns em diversos modelos”, lembra Marcelo.

Infelizmente esse período foi interrompido pelo Plano Collor e o confisco de 80% da moeda em circulação. “Como tínhamos peças em estoque, consertei muitos carros sem cobrar, pois os clientes também não tinham dinheiro, mas precisavam do carro”, lembra.

Com dois pátios em movimentada rua de Moema, a Navega oferece todos os serviços de mecânica automotiva
Com dois pátios em movimentada rua de Moema, a Navega oferece todos os serviços de mecânica automotiva

O período coincidiu com a evolução tecnológica dos automóveis, que de um dia para outro trocaram o carburador pelo sistema de injeção eletrônica. “Meu irmão era especialista em carburador, e a novidade não despertou o interesse dele, mas eu senti que precisava estudar e conhecer mais sobre isso”, comenta Marcelo.

Em tempo, antes de ingressar na oficina, Marcelo havia cursado dois anos de faculdade técnica de informática. Ele não sabia ainda, mas a eletrônica era o futuro dele.

Porém, todas essas mudanças quase levaram os irmãos Navega à falência, ainda mais porque anos antes, o pai decidiu tocar os negócios da fazenda em Goiás, e deixou a oficina sob total responsabilidade dos filhos. “Foi nesta época que o GTA surgiu e se não fosse pelo grupo, não teríamos sobrevivido”, conta Marcelo.

GTA
O GTA (Grupo Técnico Automotivo) foi o segundo grupo criado pelo Sindirepa-SP, logo depois do Grupo dos 15. “Somente depois que entrei no GTA passe a entender os problemas e que muitos empresários do setor tinham as mesmas demandas”, comenta Marcelo.

perfil-3recepçãoFelizmente hoje a Navega Mecânica é uma empresa saudável, apesar de ainda ter de ‘matar um leão por dia’, segundo Marcelo. A empresa conta com 12 colaboradores, dos quais seis são reparadores.

Entre os serviços oferecidos, a Navaga é especialista em suspensão, alinhamento de direção, regulagem de motores, baterias, troca de óleo, direção hidráulica e elétrica, balanceamento de rodas, câmbio, ar-condicionado, freios (inclusive ABS), amortecedores, transmissão automática, eletricidade e eletrônica, pré e pós inspeção veicular.

Além do GTA, a Navega faz parte da Rede EcoCar, grupo formado pelo fabricante de equipamentos Tecnomotor que oferece suporte técnico e administrativo em forma de treinamentos para empresas de reparação associadas à marca, criando assim um diferencial competitivo.